21 maio, 2008

Caminhos cruzados [part III]

-Você desenha bem!
Em sobre salto,Jason enfiou os papeis na mochila e corou levemente.
-Desculpa,não devia ter sido enxerida-Disse Nina,deixando as panquecas na mesa e fazendo menção de sari- Bom apetite!
-Não!Tudo bem,é só que ,não estou acostumado com que as pessoas me elogiem.
-Sei bem como é isso –E sem dizer mais nada,Nina foi para a porta atender uma garota que acabara de chegar.

***
-Alô,Jason?
-Sim.
-É o Kaike..você ta em casa?
-Sim,por quê?
-é que é sexta a noite,bem...tem uma lugar pra gente ir,vai ser legal,é aniversario do Paul e agente quer saber se você ta afim de ir...
-Tô meio ocupado Kaike...
-Com o quê? Com aqueles rabiscos estúpidos? Você pode faze-los lá se quiser ..
-Tá ,tudo bem,eu vou!
***
-Boa noite Nina,e vê se não se atrasa amanhã!
-Pode deixar Pablo.
Nina morava perto do café e da Boate,assim,dependendo do tempo que lhe sobrava,podia ir para seu apartamentinho tomar um banho e descansar um pouco.
Gostava de quem trabalhava no “Rufalo’s Dance”,só não gostava dos freqüentadores.A maioria dos caras confundia aquilo com bordel,mas todas as garotas estavam lápor alguma razão.
Todas,sem exceção,eram proibidas de dormir com os “telespectadores” das apresentações:
-Minhas meninas não são prostitutas- dizia sempre Rudoulff.
Assm como Nina,as meninas do “rufalo’s Dance” só estavam lá porque precisavam de grana pra se sustentar e não tinham outro emprego.
Ta certo que Nina tinha dois,mais mesmo assim a grana tava curta.
****

[continua]

19 maio, 2008

CAminhos cruzados [part II ]

- Nina,benzinho,será que você pode,por favor,me ajudar com a comissão das meninas de ontem,é que sou péssimo com números!!!
- Rudolf,já são 6:30h,e eu ainda tenho que tomar pelo menos um banho antes de entrar no café as 7:00!
-Por favor,Nina...
-Droga Rudolf!!!
-Daqui a pouco meu bofe vem em buscar e eu tenho que ficar divino! Obrigado Nina!!
-De nada!
*****
-Por favor!!! – Jason levantou a mão,tentando chamar a atenção da garçonete.
-Desculpa,uma da meninas ainda não veio e o Pablo está puro nervos lá nos fundos!
-Compreendo,mas é que minha aula começa as 7:30h e eu queria,por favor,pelo menos um café!
-Tudo bem bonitão,daqui a pouco eu trago.
Jason,não era do tipo de cara que se comunicava fácil,não que não gostasse das pessoas,apenas preferia ficar quieto quando não tinha o que dizer,do que falar besteiras.
O barulho da porta lhe chamou a atenção,e a garota que entrou apressada por ela,ainda mais.
Não era do tipo de garota que seus colegas namorariam.Mas apesar da aparência de quem trabalhava a noite toda em boates,em meio a sombra borrada,em seus olhos,alguma coisa dizia que ela não era como essas garotas que ele conhecia,que gostam de se comportar dessa forma,de ter que fazer esse tipo de coisa.
-MEU DEUS NINA,o que é isso??
-Desculpa Pablo- ela dizia baixo e envergonhada- o Rudolf me fez dividir a comissão e ...-Mechia na barra da blusa enquanto falava,e olhava para os pés-..não deu tempo de eu me arrumar...-Quando levantou os olhos,deixou uma lágrima escorrer sutilmente sobre sua face suada e de aparência cansada-..me desculpa.
-Nina,tudo bem,olha,hoje agente te dá um desconto,tudo bem! Agora vai lá pros fundos com a Mila ,e dá um jeitinho na aparência tudo bem?!
-Tudo bem!-disse tentando expressar um sorriso-Obrigado Pablo!

*****
A imagem daquela garota não lhe saiu da mente a manhã toa,e assim que a aula acabou,decidiu que iria voltar para o café,algo nela,o predia,só não sabia o quê.
-E ai cara,vem com agente hoje?Agente vai com as meninas pro cinema.O que acha Jason?
-Não,valeu cara,hoje eu tenho que fazer umas coisas,nem vai dar.
-Tanto faz,só vê se no caminho arranja uma namorada ta ?!
-Claro!!- disse com a cara um pouco fechada.
Sabia que era brincadeira,mas as vezes isso o incomodava,e muito!

******

O café tava quase vazio,não tinha muito movimento na hora do almoço,as pessoas preferiam comer risotos de camarão no “Fish’s & Ocean”,na rua de trás.
Então, Nina aproveitava para sentar na mesa de frente pra janela,com um copo de suco,e ler alguma coisa que a ajudasse a passar o tempo.
- Com licença- Jason,com uma voz um pouco tremula disse
-Sim..-disse Nina,erguendo a cabeça lentamente- posso ajudar??
-É que,bem,..eu queria me sentar nesta mesa,se vocÊ não se importa- Disse Jason,tentando parecer bastante seguro- É que ela é bastante iluminada,e eu....
-Tudo bem!Não precisa se explicar,eu sento em outra mesa- Sorrio educadamente enquanto se levantava e ia para trás do balcão.
-Você não entendeu!- disse segurando-a pelo braço- Não precisa sair da mesa..eu apenas quero....lhe fazer companhia.
-Tá tudo bem ai Nina?- disse Pablo,quase saindo da cozinha pra ver oque estava acontecendo.
-Sim,ta tudo sim,Pablo!!
É ,realmente tinha alguma coisa nela que o intrigava,e ele gostaria muito de descobrir.
-È,na verdade eu estou só lendo pra passar o tempo,enquanto não aparece nenhum cliente no café- disse tentando se justificar para aquele completo estranho,que de alguma forma chamava sua atenção.
-Faz bem,mais creio que vou ter que vou ter que chamar a outra garçonete,então,para que me sirva algumas panquecas!
-Não,tudo bem,eu já as trago!
Levantou,levando para debaixo do balcão o livro e engolindo rapidamente o restante do suco.
-Aquele garoto á perturbou Nina?- disse Pablo apreensivo
-Não...na verdade ele só queria panquecas!- disse enquanto olhava Jason tirar da mochila um bloco de folhas brancas e um lápis.
-Quem quer o quê??
-Nada Mila,é só o cara da panqueca- Disse enquanto ia levando as panquecas para Jason.
-Ahh,o bonitão.Sabe,até que ele dá um bom caldo- Disse Mila piscando para Nina

[continua]

12 maio, 2008

Caminhos Cruzados [ part I ]

Todas as noites eram iguais para Nina;
Encostada na parede da boate, com sua meia arrastão velha, uma sombra preta borrada, um cigarro fumado com desdém, cabelos sujos, o suor a escorrer por suas formas corporais.
A musica alta,o pouco movimento da rua,os engravatados que entravam dispostos a perder quase seu salário todo ,para ver as “meninas do Rudolf” dançarem com roupas colantes e cabelos embaraçados.
Enquanto não estavam no palco se apresentando,as garotas tinham que circular,servindo bebidas e fazendo cara de satisfeitas,ao ouvir qualquer”elogio” vulgar.
Mas Nina não era muito simpática,então Rudolf não fazia questão que ela ficasse servindo as bebidas.
-Minhas queridíssima - dizia com seu falso sotaque francês- Você só dança,o restante do tempo,enxergue como intervalo!
Ganhava menos dinheiro que as outras meninas,mas diante da sujeira em que tinha que trabalhar,era bem mais “decente” só ter que dar umas reboladas no palco e esperar que jogassem algumas notas.Pelo menos ficava livre das mãos bobas e das propostas indecentes.

-Nina!!! Queridinha,é sua vez de dançar!
-Subo no palco em um segundo Paulete!
-Ok,queridinha!

****


Jason,acordava todas as manhãs,com os gritos vindos da cozinha.Era sempre pelo mesmo motivo.
-O garoto nunca arranja namorada ,Lenora!!!
-O que você quer insinuar? Ele é seu filho Marcos,NOSSO filho!!!
-..Vive com garotos...nunca o vi com uma garota...
-..pelo menos não é como você,que gasta seu salário com essas “garotinhas” por ai!

Já sabia de cor e salteado,todas as falas,reações,e com o tempo compreendeu,que na verdade,usa-lo na discussão era só uma desculpa,para encobri,que na verdade,á muito tempo eles deixaram que a relação se afundasse.Apenas tinham medo de reconhecer isso.
Pegou a mochila,colocou o skate no carro,e foi tomar um café,antes da aula começar.

****

[continua..]

04 maio, 2008

Ultima lágrima,primeiro sorriso.


Ainda guardo as cartas que um dia pensei em te mandar.
Aquela foto tremida,aquele caderno amassado.
Rê-leio suas estúpidas falas.
Minhas mãos suam,os músculos contraem-se.
Arrependimento!
O ultimo beijo foi teu... mas,foi você meu único amor?
O meu único erro,com certeza.!
Longe de você eu aprendi a caminhar direito,
eu experimentei abrir os braços e deixar o vento me levar.
Foi quando te deixei ir embora que soube como é ser feliz.
Longe de você eu,descobri como era viver fora dos arreios.
Eu pude ter sonhos e respirar aliviada.
Longe de vocÊ.....eu...tive um sono tranquilo.!

Ler,é Poder? [para escola]

Há quem diga que ler não muda em nada o caminhar do mundo em que vivemos.
Mas há também,quem defenda com unhas e dentes,cada verso de Drummond,cada crônica de Assis,cada estrofe,cada história,que descreve a nossa literatura.
Porém,há também,pessoas que,não se importam com o "físico" da leitura,a consistência fria de milhares de palavras impressas e encadernadas com capa dura. Pessoas,que ao pegarem um livro,seja ele nacional ou estrangeiro,buscam em meio á versos,ritmo,e silaba,apenas o poder de se ver levar por palavras lidas com a alma,que guiam nossa mente,nos preenchem de conhecimentos,e fazem acontecer,mesmo que em sonho,o que lêem.
Devorar,sem piedade,pilhas e pilhas de livros,sejam eles romance ou ação.
E ainda não satisfeitos,procuram mais,mais do que sonhos,do que historias que os façam viajar; Procuram realidades,noticias de um mundo,que de longe é como os dos livros,onde o final(na maior parte),é feliz.

Há quem julgue tolice ler,não importa o quê.
Porém,é fato,sem ler não temos direito de ser coisa alguma.Nos tornamos seres vazios,que andam sem objetivo e que nunca saberão o doce sabor que uma boa historia,ou uma noticia,tem,aos nosso olhos,ao nosso interior,que tem sede de saber.

Ler é mais do que poder,é crescer,é conquistar um lugar em meio a burocracidade da sociedade,e mostrar á quem quer que seja,que ainda estamos aqui,que podemos pensar por nós mesmos.

Entrevista ao alfinete [Escola ]

Introdução:

Confesso que, ao saber que deveria entrevistar o Alfinete,fiquei um pouco apreensiva,mas ao mesmo tempo,curiosa para saber o que de tão importante tinha á dizer aquele tão antigo e conhecido objeto de costura.
Logo que cheguei,Alfinete foi muito formal,mas ao mesmo tempo tentou nos deixar o mais confortável possível para entrevistá-lo.
Ao terminar a entrevista,percebi que Alfinete,na verdade não é tão "turrão" como parecia,na verdade é um objeto que teve seus sonhos destruídos pela ingratidão de outros objetos da oficina de costura.


Entrevista:

Sr. Alfinete,algumas pessoas acharam sua atitude no conto,um tanto amarga;Sentiram uma certa falta de esperança diante das suas prestações de serviço.O Sr. gostaria de confidenciar seus motivos?

Olha,veja bem.A muito tempo que sou instrumento de trabalho da Senhora costureira,e é claro que quando se está novo,você sente um certo prazer em trabalhar,mas depois de um certo tempo agente percebe que não importa o que faça,sempre vai ser um simples alfinete.

O senhor acha correto afirmar que a atitude da linha foi um tanto prepotente diante da agulha??

Óbvio que o deslumbramento de poder "ser livre" deve ter-lhe subido á cabeça.
Mas,depois de tanto tempo na oficina da costureira,já estou acostumado com esse ar esnobe das linhas.

O senhor tem um vasto arsenal de experiência,anos de sabedoria acumulados.O senhor diria que,por saber onde é o seu lugar,sua função na oficina,é mais sábio que a Agulha,por exemplo?

Mais sábio? Não,não vejo desta forma. ( risos )
Acredito que todos os objetos da oficina tem a sua importância,mas que só podemos ser algo realmente importante,se trabalharmos juntos.
É claro,que alguns de nós tem mais reconhecimento,mas faz parte,não é mesmo?!

Qual concelho o senhor gostaria de dar á agulha?

Que sonhar é importante,mas quanto antes ela se der conta de qual é sua função,mais cedo vai se conformar e parar de esperar por tolices que não nos acontecerá.

No final do conto,a linha se vangloria por ter ido á festa com a bela dama.O senhor gostaria de pelo menos uma vez,poder sair da oficina?

Em partes,até tenho vontade de sair e conhecer os luxos do mundo. Mas,em outras,acredito que talvez eu não em encaixa a toda a badalação das festas.Já estou muito velho. ( risos )