06 janeiro, 2009

O AMOR PODE DAR CERTO -Parte 3

Para minha completa “felicidade”,acordei com uma terrível gripe.
Bem que me alertaram que para onde eu estava me mudando,sempre fazia frio,não importava que estação do ano era.
Abri as cortinas,para deixar o sol entrar,liguei a TV e me aninhei no sofá,tomando litros e mais litros de chá,para tentar me sentir melhor.
Meu cansaço era tanto que dormi o fim de semana todo,e na segunda quando levantei para ir para o trabalho,vi que do lado de fora da minha porta tinham uns bilhetes,todos com a mesma letra:
#Bilhete 1:
“Não é porque não falo ,que não percebo que está me observando.
Desculpe-me.”

#Bilhete 2:
“Sinto muito se esqueço-me de agradecer.
OBRIGADA”

#Bilhete 3:
“tens razão em ficar brava comigo,só por favor,não me prive de sua companhia.”

Eram do vizinho. Eu não me comportei bem com ele,e agora ele se sentia culpado.
Tinha que concertar as coisas,mas estava atrasada,então,coloquei os bilhetes na bolsa e desci as escadas correndo.
Passei o dia todo tentando me lembrar o como era o rosto dele,mas no dia estava muito brava e não havia prestado atenção.
Voltei,e recebi a noticia que o elevador estava funcionando.
Ótimo,me pouparia pernas e o tempo que eu perdia subindo todos aqueles degraus.
Quando cheguei no meu andar,vi no fim do corredor o vizinho,estirado na minha porta,como se tivesse desmaiado.
Larguei tudo no chão e fui correndo,ele mal conseguia abrir os olhos,mas quando me viu abriu um sorriso e finalmente falou:
-Me desculpe,por favor,não era minha intenção te magoar.
Eu o ergui e o levei para meu apartamento,ele parecia fascinado com tudo que eu tinha organizado ali,mas estava fraco demais para falar novamente.
Perguntei o que ele estava sentindo,mas ele não respondeu.Perguntei se ele estava comendo,balançou a cabeça negativamente. Perguntei desde quando:
-Desde quando você foi embora do meu apartamento.
Fariam três dias já.
Me senti culpada.
Preparei o jantar para ele,busquei minhas coisas que estavam no corredor e percebi que ele tinha deixado também um vaso com margaridas brancas.
Entrei e ele lambia os beiços,literalmente,com minha comida.
- Como adivinhou?
Ele ficou espantado com a pergunta e esperou que eu falasse mais.
- Como adivinhou que são minhas flores preferidas?
Ele sorriu e percebia que nunca vi alguém iluminar tanto um lugar apenas com um simples “mostrar de dentes”.
-Elas combinam com você.
Nada mais falamos naquela noite.
Ajudei ele a voltar para sua casa e ele ia fechar a porta quando eu disse:
-Me desculpe,não quis dizer todas aquelas coisas.
Ele pareceu entender e agradeceu minha ajuda..
Eu estava dando as costas quando ele estendeu a mão :
-A propósito,me chamo Eduardo.
*
O restante da semana não o ouvi tocar mas o via,quando passava,observando algo pela janela.
Eu não tinha muito tempo,estava trabalhando em cima de uma grade de horários para um novo livro que seria publicado daqui a algumas semanas,por isso não me demorava muito na casa dele,sempre ia,deixava as compras,ouvia ele dizer obrigada,e saia.
Mas em casa,sozinha eu só sabia pensar nele,nos cabelos pretos dele e na quentura da pele dele,no aperto de mão firme porem macio que ele me deu.
Passava a maior parte do tempo pensando nele,em estar com ele,mas quando finalmente tinha chance,eu fugia.
Não entendia,ou talvez eu não quisesse entender.
*
Os dias foram se tornando semanas,que se tornaram meses que completarem um ano.
Eu continuava indo ver Eduarda,mas sempre com aquela distancia de ambas as partes,como se ao mesmo tempo que quiséssemos nos envolver,tivéssemos medo.
A época das festas estava chegando,e como eu era sozinha ele me convidou para ir para casa dos pais dele.
No começo estava decidida a recusar,mas ,ele conseguiu me convencer:
-Você é uma das minhas poucas amigas aqui e não vou te deixar sozinha no natal .Por favor,quero muito te apresentar aos meus pais...e..
-E o que?
-e se você estiver lá,se eu tiver você do meu lado,sei que vou conseguir superar as festas muito mais fácil.
Eu não podia dizer não. Ou podia?
Sairíamos daqui a dois dias,eu me despedi e fui correndo pra frente do armário separar roupas e arrumar malas.
Eu não percebia mais ,Eduardo tinha um espaço maior do que eu imaginava em meu coração.

CONTINUA

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