06 janeiro, 2009

O AMOR PODE DAR CERTO. Parte 6

Fui me deitar,repassando em minha mente cada momento daquela noite e me perguntando o que teria feito com que Edu recuasse,negasse aquele beijo.
Foi quando me dei conta de que não era primeira vez que eu perdia minha noite de sono pensando nele.
Sim,eu estava apaixonada. Depois de tantos anos negando qualquer compartilhação de sentimento,meu coração decidiu se entregar para esse misterioso rapaz.
Fiquei,ali,vidrada no relógio,pedindo que os ponteiros fossem rápidos e me trouxessem logo o dia seguinte.
Suspiros e sonhos ajudaram a preencher minha mente.
O que eu não sabia,é que no outro quarto,Eduardo lutava consigo próprio,num profundo dilema.
E que o dia seguinte,seria cheio de surpresas.
*
Assim que eu ouvi o barulho das portas dos outros quartos,me levantei,me arrumei e desci correndo escadas.
A família toda,exceto Eduardo,estavam tomando café e ao me verem deram bom dia e logo começaram a falar, não se pra mim ou para eles próprios:
-Eduardo esta no cemitério,ele tem que perder essa mania.
-Já fazem quatro anos...
_Se ele não fosse tão teimoso...
- Isso é remorso,pela escolha errada...
Eu não entendia nada,e logo,reparei que tinham esquecido que eu estava lá,o que era perfeito,pois eu queria muito falar com Edu,ouvi-lo,e,obviamente,descobrir tudo o que estava acontecendo.
Peguei meu casaco,perguntei para a empregada como fazia para chegar ate o cemitério:
-É bem longe,é melhor a senhora ir de carro viu...
Mas eu não tinha carro,e se Eduardo tinha ido a PE eu também conseguia.
-
A estrada estava cheia de neve ,e era um longo percurso,o que me fez chegar lá sem ar e com muita dor nas pernas.
Vi Eduardo sentado,olhando um lapide com o nome de MARIANA.
A data de falecimento era de quatro anos atrás a partir daquele dia.
E de repente as coisas começavam a se encaixar.
Caminhei,e o ouvi dizer em lagrimas:
-Me perdoe,eu não queria...eu te amo.
Eu o chamei e acho que não deveria ter feito aquilo.
Ele se assutou,limpou as lagrimas,começou a gritar que eu não deveria estar ouvindo,que eu não devia ter ido pra casa dos pais dele:
-VOCÊ NUNCA DEVIA TER ENTRADO NA MINHA VIDA!!!!! VÁ EMBORAAA!!
Eu me senti apunhalada,pouco importava o que tinha acontecido,ele finalmente se mostrou como todos os outros.
Meus olhos não puderam conter as lagrimas,e eu queria entendê-lo mas ele me pegou pelo braço,gritando barbaridades e me jogou para a estrada.
A dor de ralar o braço e os joelhos era grande,mas não maior do que a de ter confiado nele e ter baixado a guarda.
Eu sai correndo,fiz as malas,chamei um taxi,e quando estava indo embora,o vi chegar.
Estava péssimo,e ao me ver entrar no carro tentou impedir,pedia desculpas mas eu não estava pronta pra ouvir.
*
Passei o natal em um ônibus,indo para casa,chorando e tentando esquecer todas aqueles dias,meses.
Mas quanto mais eu lutava para esquecer,mais lembranças surgiam e a sensação de coração partido aumentava.
Eu cheguei em casa,me tranquei e renovei meus votos de distanciamento.
Passei os feriados seguintes enfurnada dentro de casa,com uma garrafa de vinho barato e um pacote de bolachas.
A campainha tocou algumas vezes,mas não tinha força para me levantar.
Alguém esmurrou e me chamou também,mas eu já não distinguia nada.
O telefone tocou,a campainha de novo.
Eu não me mexia,mal respirava,tinha me entregue a uma estúpida e profunda melancolia que me fazia pensar:
-Quem ama,literalmente sofre,e jamais será compreendido.
Lembrei que voltaria a trabalhar daqui a algumas semanas,e que eu tinha direito a umas férias atrasadas,liguei e resolvi.
Agora sim,eu poderia definhar mais alguns meses no meu apartamento.

CONTINUA

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