02 dezembro, 2008

Males que precedem o bem (Parte II )

Era difícil ter que lidar com aqueles dois opostos.
A vinda de Eros,que era tudo o que um filho deveria ser,carinhoso,prestativo,sempre a enchendo de alegrias, e a perda de Bernardo,que sem duvida nenhuma tinha sido o grande amor de sua vida.
O vazio da perda de Bernardo refletia em todos,inclusive em Eros,que desde o inicio tinha se dado super bem com ele.
Ambos se faziam de forte,ambos se apoiavam e evitavam ao máximo demonstrar tristeza.
-Vamos ficar bem? Não é?
- Claro que vamos Eros –e Rachel ajoelhou,e delicadamente empurrou o cabelo dele pra trás – Somos fortes. Tudo vai ficar ótimo.

Foram as lágrimas,a despedida fúnebre,os inúmeros cartões e telefonemas de pêsames. A única coisa que não acabou,não faz as malas partiu,foi o vazio dentro do peito deles.

Sozinha,Rachel se entregava,e deixava as lagrimas ensoparem seu travesseiro,sussurrava pro nada e para os porta-retratos:
-Te amo tanto..sinto tanto a sua falta.
Ela ainda não sabia,mas carregava um pedaço de Bernardo dentro de si.
Estava grávida.


*

Eros tinha seis anos. Cabelos castanhos,um olhar forte,feições sérias,porem,quando sorria,iluminava mais do que o sol.
Sofreu muito,tanto no orfanato quanto com as outras famílias.
Todas as noites,ele ajoelhava-se e pedia,olhando para as estrelas,que encontrasse uma boa família.
Rachel e Bernardo apareceram.
Um casal jovem,amoroso,muito bem educados.
E então,ele passou a pedir que os fins de semana chegassem logo mas que custassem a acabar.
Se divertiam tanto.
O desejo de ambos ,de formar uma linda família foi aumentando a cada dia.

Junto com a felicidade de que finalmente iria ganhar pais,teve que lidar com a noticia de que Bernardo não poderia mais se fazer presente.
Sentia saudades dele,das brincadeiras no parque,mas agora,tinha que se concentrar em Rachel,não queria que ela sofresse mais,e alem do mais,as aulas iam começar,e estava nervoso para saber como seria na escola.
*
Todas as noites,eles sentavam na varanda,e conversavam. Assuntos que variavam,desde astrologia até as cores do tapete.
-Sinto falta do Bernardo... mãe.
Os olhos dele se enchiam de lágrimas.
Ao ver isso,Rachel não pode se conter,o abraçou,e começou a chorar.
-Eu também,sinto muita ,muita falta dele um filho.

No dia seguinte,iam aproveitar o tempo nublado para “se livrar” das tão fortes e presentes lembranças espalhadas pela casa.
Colocou as roupas em uma caixa,iam ser doadas.
As fotos,em uma caixa em cima do armário.(exceto a de cima da lareira,essa ela não conseguia tirar de lá).
Os brinquedos,coisas do futebol,ajeitou no quarto de Eros.
Não tirou o violão do canto do quarto,precisava olhar para ele,sentir que ainda tinha algo dele por perto.
Ligou para a família dele. Não queriam nada.
Também não insistiu,alem da falta evidente de carinho que sempre nutriram pelo filho,haviam discutido com ela a respeito de “reconsiderar a adoção de Eros.”.( O que claramente era um absurdo,amava-o e nada o iria tirar de perto dela.).

-Mãe,me conta?
-Conto,claro..mas o você quer que eu conte?
-Como você conheceu o pai..quer dizer,o Bernardo...conta?
Ela o puxou para a sala,os dois se sentaram no tapete felpudo,puxaram algumas almofadas e então ela começou a contar.

[Continua ]

Um comentário:

Sofia N. disse...

Meu Deus. Coitadinhos. Pelo menos eles se amam e podem apoiar um ao outro. Imagina se estivessem sozinhos... Seria pior, ainda mais que a família de Bernardo não tava pra nada! Vejamos se na próxima parte as coisas vão mudar...

Bjsssss