01 dezembro, 2008

Males que precedem o bem [Parte I ]

Um dia ensolarado,propicio para grandes conquistas.
Se desse atenção aos avisos metrológicos,saberia disso,mas como a ansiedade era maior,desligou a TV e foi direto para o grande e imponente prédio onde seus destino a aguardava,deixando o carro estacionado no sol.
Pouco importava,apenas queria os últimos documentos,para assim poder ter sua felicidade (e a de todos_ completa.
Foi chamada.Até que enfim!
Um grande sorriso se formou em seu delicado rosto,queria que os dois estivessem lá para compartilhar dessas tão boas noticias.
Com toda a papelada resolvida,agora era retornar ao orfanato e dizer a Eros que agora era pra sempre,não mais apenas os fins de semana.
Descia saltitante os degraus,nada no mundo poderia acabar com aquela felicidade.Decidiu que ligaria para Bernardo. Não conseguiria esperar até chegar em casa.
Ligou,quem atendeu foi Alicia ,sua cunhada.
Estranho,jurava que tinha ligado para casa e Alicia não morava lá.Confirmou no identificador do celular: NOSSA CASA.
-Alicia? Sou eu,é que liguei para dar as boas noticias;o Eros agora é oficialmente nosso.
Mal se continha de felicidade,mas notou na voz da cunhada resquícios de tristeza.Pediu receosa:
-Posso falar com o Bernardo?
Um silencio do outro lado. Ela aproveitou para apoiar a bolsa no carro e procurar a chave.
Achou. Já ia colocando na porta quando Alicia finalmente ( e infelizmente) respondeu:
- Rachel,...já íamos te ligar..o Bernardo,ele...
-Ele o quê?-perguntou impaciente.
-Ele sofreu um acidente,está no hospital,estão fazendo todo o possível para salvá-lo.
Não podia ser. A vida não podia estar sendo tão perversa com ela.
Deixou a bolsa cair,desligou friamente o celular,tentou abrir o caro,mas suas mãos tremiam.Sentou no chão ao lado do carro,já ia começar a chorar quando ouviu o toque de seu celular.Era o orfanato.


*

-Alicia,dona Marta...este é Eros.
Mesmo preocupada,Rachel conseguia iluminar a todos com seu sorriso meigo e encorajador.
Eros trazia consigo uma espécie de robô,que ele mesmo tinha feito.
Apertava firme a mão de Rachel,e olhava um tanto aflito para o corredor do hospital.
Depois de todas as apresentações,Rachel foi atrás de noticias,e deixou Eros com Alicia e seu sogra dona Marta.
-E então Eros,gostando do passeio?-perguntou Alicia.
Ele a encarou. Tinha uma aparência intelectual. Cabelos castanhos,olhos desconfiados e brilhantes.
Tinha seis anos mas comportava feito um adulto.
-Não. Não costumo gostar de hospitais,principalmente quando a pessoa que ia ser meu pai esta correndo risco de morrer.

Estava claro que Rachel o havia preparado.
Na porta do orfanato,durante as primeiras visitas,ambos selaram a promessa de nunca mentir,e não tinha lógica ela quebrar as regras do acordo. Não ela. Não com ele.
*

Bernardo tinha sido atropelado.
Saia do supermercado,com enfeites e presentes para Eros,(tinha em seu intimo o pressentimento que tudo daria certo.Amava tanto aquele menininho),quando um carro descontrolado o prensou entre o poste.
A motorista estava bêbada,quebrou o braço. No banco do carona,a filha dela de quatorze anos,levou uma pancada na cabeça,ficou desacordada mas agora,ambas estavam bem.
Bernardo quebrou as costelas,uma delas perfurou o baço e outros órgãos. Era uma situação de máxima delicadeza.
Tentou se manter acordado até a ambulância chegar. Só conseguia pensar em Rachel e Eros.
Antes de desmaiar,olhou firme para o enfermeiro e disse:
-Diga que os amo.
Deu a aliança e apontou para os brinquedos que tinha comprado.
O enfermeiro tinha entendido o recado.

Chamaram a família,pela ordem da agenda do celular dele,logo o motivo de Alicia já saber da notícias e ter ido para a casa deles.
Ela não quis avisar Rachel antes. Tinha medo de prejudicá-la na reunião.
Mas agora,se perguntava se tinha feito o certo.
*
Eros dormia no banco,a cabeça apoiada no colo de Rachel.
Ela esperava qualquer notícia,a angustia que a invadia era insuportável.Sentia medo.
Medo por Bernardo,por Eros e por ela mesma.
-Rachel querida,acho que vai demorar,então...
-Claro dona Marta,vocês deveriam ir para casa. Eu telefono.
-Obrigada querida.

Rachel conhecia a todos muito bem,não queria se achar a mais preocupada de lá,mas desde sempre Bernardo era incompreendido pela sua família,logo a parcela menor de amor era destinada a ele.
Era natural que a família,mesmo que com a preocupação natural,não se encontrasse no mesmo estado de medo que o do dela.

A madrugada se estendeu,a mais longa com toda a certeza.

Um medico sai da sala,aparência arrasada.
Ela se levanta.Eros ensonado a segue.
O medico respira fundo,põe a mão no bolso,a aliança que Bernardo tinha dado para o enfermeiro.
-Eu sinto muito.

Queria fugir,gritar,fazer algo,mas apenas conseguiu agachar e chorar. Eros a abraçou e com os olhos cheios de lagrimas repetia:
-Vai ficar tudo bem..tudo bem...
*


[Continua ]


2 comentários:

Anônimo disse...

la vem você com suas histórias que me deixam curiosas :S
UAHAUHAUHAUHA

te amo bia ;@

Sofia N. disse...

Nossa, que triste... coitado de Eros, crendo que tudo daria certo... mas quem sabe.

Estou curiosa ppra saber o que vai acontecer com essa nova incompleta família!

Bjsssssss